28.11.05

a regeneração continua

Foi curioso o ano de 1856 em Portugal: depois do tremor de terra no Algarve (Janeiro), da epidemia de cólera-morbo (Maio), da liberdade dada aos filhos de escravos nascidos no Ultramar, depois de atingirem os 20 anos (Julho), das manifestações em Lisboa contra o aumento do custo de vida, com tumultos e assaltos a lojas (Agosto) e do aumento do número de deputados de 156 para 162 (Setembro), inaugurava-se em 28 de Outubro o primeiro troço de caminho de ferro, entre Lisboa e o Carregado, primeira secção da linha de Leste, com uma extensão de 36 km.

Gravura apócrifa de Roque Gameiro sobre "O Regenerador", verdadeiro prodígio de velocidade para a época, que entusiasmou os cavalheiros e a Corte e assustou as senhoras com os seus silvos tecnológicos.


PS - À atenção do Ministério da Defesa: em 1856 foi também abolido o castigo de varadas no Exército, introduzido em Portugal em 1764, com os regulamentos do conde de Lippe.

26.11.05

um pouco mais de ambição, caramba!

23.11.05

Queixinhas

Torna-se mais fácil referi-lo não sendo adepto do clube em questão mas a atitude dos dirigentes do Porto na denúncia de comportamentos incorrectos praticados por jogadores de outros clubes (nomeadamente do Benfica) vistos pela televisão e que escaparam ao árbitro merece reflexão.

Por um lado, mostra mais uma vez o nível das pessoas que levaram o clube azul e branco ao melhor período de toda a sua história, nível esse que, felizmente, não é extensível aos adeptos.

Por outro, não deixa de ter piada que, tratando-se de um grupo de gente tão empenhada na manutenção da legalidade desportiva, seja difícil encontrar um dirigente portista que não seja arguido num processo judicial de corrupção.

Podiam aproveitar o impulso justiceiro e começar por nos explicar a todos, voluntariamente, aquela coisa das viagens do árbitro Carlos Calheiros ao Brasil pagas pelo clube e que fica para a história como sendo responsável por um dos raros momentos em que Pinto da Costa ficou atrapalhado durante declarações televisivas. Depois podiam explicar o resto. Cá estaremos para ouvir com toda a atenção.

22.11.05

A Família Nicola

Os responsáveis pela Nicola, conceituada empresa de cafés portuguesa, estão finalmente a fazer alguma coisa pela clientela que há tantos anos lhes anda a encher os bolsos. Depois de qualquer coisa parecida com um ataque de remorsos, contrataram uma equipa de incompetentes para preencher as partes de trás (ou da frente, depende do ponto de vista) dos pacotes de açúcar que fornecem juntamente com os produtos que vendem. A ideia, espero eu, será evitar doenças como a hipertensão arterial, diabetes, obesidade, cáries e outras para as quais contribui o consumo desenfreado de açúcar. Se alargarem a ideia às chávenas e aos pires, podem mesmo contribuir para a diminuição das taxas de colesterol em Portugal.



Restívoro. Perceberam? O animal é restívoro porque come restos. A piada é essa. E assim a Mulheris Stressadis já não tem que mandar os restos para o lixo. Os Clientis Coitadis é que não têm culpa nenhuma!

21.11.05

O vento cala a desgraça, o vento nada me diz

É incrível o vento que passa esta noite (aqui) por Coimbra. Andará por aí o Alegre a perguntar por notícias do país?

17.11.05

Generosidade anfíbia

Informação retirada do site do Sapo-adsl:

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O grupo PT continua na crista da onda. Não é só arranjar novas formas de estreitar a cooperação luso-brasileira. Agora, inventaram o revolucionário conceito de gratuitidade mediante pagamento. Bravo!

14.11.05

Ricardo fora da Selecção!

Este abaixo-assinado (que não funciona com o Firefox, tentem abrir com o Internet Explorer) é dirigido aos responsáveis pelo futebol sénior da Federação Portuguesa de Futebol, ao seu presidente, Sr. Gilberto Madail, ao seleccionador nacional, Sr. Luiz Felipe Scolari, às Senhoras de Fátima e do Caravaggio, e a todas as pessoas do mundo que, directa ou indirectamente, possam ter alguma influência na escolha dos guarda-redes que vão defender as cores portuguesas no Alemanha'06.

Não é costume dos adeptos portugueses chatearem-se muito com o que rodeia a Selecção. Por muita indignação e revolta que mostrem em relação a maus resultados, decisões dos treinadores, maus passes e grandes penalidades falhadas, nunca se zangam realmente com a Selecção. No jogo ou na competição seguinte estão outra vez prontos para tudo. Várias situações são prova dessa paixão inabalável:
- Não se importaram que os adeptos de outros países se rissem de nomes como Magriços, Patrícios ou Tugas.
- Ficaram imparcialmente do lado de Artur Jorge e de Ricardo Sá Pinto simultaneamente.
- Não tentaram mudar de nacionalidade depois de verem a Selecção ser eliminada na fase de grupos do Mundial contra E.U.A., Coreia do Sul e Polónia.
- Com o país inundado de turistas, foram capazes de pendurar uma bandeirinha em cada janela e de perseguir das mais variadas formas (alguns vestidos de campinos) o autocarro da Selecção em dias de jogo, só para mostrar ao Sr. Luiz Felipe Scolari o quanto conseguem ser provincianos quando lhes pedem com jeitinho.

Há momentos, porém, em que mesmo o adepto mais limitado de horizontes perde a paciência. E este é um desses momentos. A presença do guarda-redes Ricardo é um factor de desestabilização dentro da própria Selecção. Pior que isso, é, e continuará a ser daqui a sete ou oito meses, um factor de divergência entre seleccionador, Selecção e adeptos. Além de toda a intranquilidade que traz consigo, Ricardo tem mostrado também que não serve. Que não é um dos três melhores em Portugal. Que até nem é mau entre os postes, mas que é um "ai Jesus" sempre que há um cruzamento para dentro da área ou que tem que sair dos postes. Que, embora tenha aquele ar muito humilde e asseadinho, não tem a decência e o respeito pela equipa para reconhecer quando erra.

Vítor Baía seria o guarda-redes escolhido em qualquer outro país ou, neste país, por qualquer outro treinador. Ainda assim, e porque todos temos as nossas teimosias (que têm tendência a piorar com a idade), aqui fica uma lista de seleccionáveis, Ricardo e Baía excluidos:

Moreira
Quim
Nélson
Paulo Santos
Marco Aurélio
Hilário
Marco Tábuas
Carlos
Pedro Roma
Jorge Baptista
Bruno Vale
Nuno Espírito Santo

Uma última nota em relação ao perigo que representa entrar em campo com uma pessoa emocionalmente instável como é o Ricardo. O que aconteceria caso aquela grande penalidade contra a Inglaterra tivesse esbarrado nas mãos de Ricardo, sem luvas, e tivesse mesmo assim entrado na baliza. Ou melhor, o que aconteceria a um jogador, fosse o Deco, o Figo ou o Cristiano Ronaldo, que antes de marcar uma grande penalidade decisiva decidisse descalçar o pé com que ia rematar?

Ricardo não, obrigado!

13.11.05

O show da realidade

O árbitro Jacinto Paixão, envolvido no processo de corrupção no futebol "Apito Dourado" é um dos participantes no programa "1ª Companhia." Bizarria à parte, serve isto para perceber de antemão quem sairá vencedor da segunda edição do programa: o Porto por 2-1 com um penalty mal assinalado e um golo em fora de jogo.

12.11.05

Hossana nas alturas

Vendo a "Festa a Luz," transmissão em directo pela RTP da procissão de consagração da cidade de Lisboa a Nossa Senhora de Fátima que os lisboetas não se têm cansado de exigir ao longo de anos (Têm, não têm? Com este aparato todo, é forçoso que sim) percebe-se que uma simples procissão, ainda que de grandes dimensões, serve para muitas coisas diferentes com uma polivalência pouco vista.

Serve para ocupar horas de emissão televisiva.

Serve para dar trabalho a Júlio Isidro.

Serve para Carmona Rodrigues aparecer e consolidar a imagem de "gajo que não é o Santana Lopes porque é popularucho e porreiro e até é devoto da Virgem."

Serve para o padre comentador de serviço fazer propaganda contra o aborto em jeito de pré-campanha para um referendo que se fará um dia.

Serve para Marta Leite de Castro fazer comentários óbvios e ocos mas, desta vez, na presença de uma santa.

Serve para transformar a televisão estatal em catequese das massas.

Serve também para mostrarmos ao mundo que, quando queremos, ainda conseguimos viver na Idade Média.

E, já agora, não deixa de ter uma certa piada, ver esta multidão beata a serpentear com velas na mão por avenidas da "República" e da "Liberdade."

Ámen.

8.11.05

Temos muita insegurança, e imigrantes em França

O que está a acontecer em França são actos de vandalismo sem qualquer fundamentação. Os responsáveis por toda essa confusão devem ser identificados e punidos de acordo com a lei. Também é um grande disparate comparar esta onda de violência com o Maio de '68. Pronto.

pausa

Agora, de consciência tranquila:
Existe a crença global que os franceses são um bocadinho racistas e xenófobos. Pode até nem ser verdade, mas existe. Assim como existem outras crenças para outros povos. Mas aos franceses calhou esta. Ainda por cima têm aquelas manias estranhas, como a maneira como dizem Michael Jackson e a teimosia de não usar os termos software e hardware, por exemplo.

Este orgulho fundamentalista na língua e na cultura é muito perigoso, principalmente num país cheio de estrangeiros. Ainda por cima quase só de estrangeiros que vivem mal. Era logiciel que entretanto alguém ia começar a destruir o matériel.

Projecções

Na primeira página da edição de 21/10 do jornal "Região de Leiria" vem anunciada uma projecção do Instituto Nacional da Saúde Dr. Ricardo Jorge, na qual são previstas 805 vítimas mortais da gripe das aves no distrito de Leiria. Não são 804, nem 806. São, precisamente, 805!

Isto, vindo de um Instituto que ao mesmo tempo é Ricardo e Jorge, é tão credível como um relatório de contas que venha de um clube cujo presidente seja, por exemplo, Jorge e Nuno ao mesmo tempo. Ainda assim, importa saber:

1. Como é que chegaram a esse número?
1000GB = 1V ?
GV (Gaivotas nas Berlengas)
V (Vítima)


2. Contaram com as pessoas de passagem pelo distrito no momento da projecção?

3. Também estão a pensar fazer projecções para as presidenciais? Se sim, quais as probabilidades de cada um dos candidatos vir a contrair gripe das aves caso seja eleito?