O hino improvável
Há certamente uma estética e um movimento santanista. Que evoluirá e, quem sabe, entrará na academia. Para definhar precocemente e desaparecer. Como o respectivo governo, como a folha no Outono.
Mas temos de reconhecer, no caso do hino, o famoso hino que parece inaugurar essa estética e esse movimento, que se trata do resultado de um mero acaso, de milhões de acasos, aliás, de uma extraordinária conjugação de factores e variáveis militando contra o cálculo de probabilidades. Numa ordem de grandeza comparável, foi como se um macaco sentado ao computador, ao fim de alguns biliões de anos de dores lombares, tecla após tecla, tecla após tecla, tecla após tecla, numa colossal demonstração de humildade e persistência símia, acabasse por reproduzir na íntegra e com toda a perfeição a versão servo-croata do Hamlet.
Foi o que aconteceu, no entanto, ao jovem quadro da JSD escalado para falar neste último Congresso. Ele foi apenas o veículo escolhido, o instrumento da revelação, o medium. No Verão passado, na Universidade de Verão do partido, participara em workshops de escrita criativa. Em simulações orientadas, escreveu o discurso que abaixo se reproduz. Salvou-o no portátil para ocasião apropriada e não pensou mais no assunto. Quando o quis recuperar para o Congresso, verificou que um vírus ou um verme qualquer tinha afectado o sistema. E também aquele texto. E de que maneira. Abrir abria, mas não estava lá todo, apenas parte, como um deserto branco semeado de tufos de palavras aqui e ali, a esmo, que tinham resistido à monda vírica.
O jovem quadro não queria acreditar no ecrã. À sua volta, juntaram-se bocas de espanto, cresceram os murmúrios assustados pelo evidente sinal de milagre, pelo prenúncio de outras maravilhas. Como foi possível? Como aconteceu? Foi o vírus, foi o vírus. Mas, não há fraude, manipulação? Foi o vírus, como é possível? Foi possível, sim senhor. Contra o cálculo de probabilidades, contra a entropia socialista.
Resta apenas publicá-lo (o jota tinha feito cópia em disquete), o discurso que o vírus ratou e revelou como a mais fina renda linguística, infratexto que emergiu em todo o esplendor para fazer agora o seu caminho de emancipação e glória nas fundas gargantas alaranjadas.
(a cores, naturalmente, o que sobrou para o hino)
Caros Companheiros
Há quem diga que já não somos actores da história actual. Não é verdade. Outrora, vivemos momentos de coragem e de glórias nos cobrimos, mas o pátrio orgulho do passado só aparentemente desapareceu neste canto da Europa abraçado pelo mar.
Surge agora a oportunidade para vencer os desafios que temos pela frente. Renasce a esperança no olhar desse povo soberano, a que nos orgulhamos de pertencer, que abre a porta do destino, desta vez já não fatalista. Abramos, pois, as portas, que o futuro quer entrar de vez. Para ficar.
O que queremos? Queremos mais Portugal, que é já grande, afinal. Sim, grande e luso, pequenino embora, talvez, na ambição. Mas esta nova força para o mundo não pode, no entanto, ser motivo de espanto, que os jovens desta geração Portugal tem visto brilhar aquém e além-fronteiras.
Dentro dos estádios se gritou muito recentemente, mas fora dos estádios, pela diáspora portuguesa se ouve e se grita Viva Portugal. E que nos pede Portugal? Apenas a alma. E quando se lhe pede a alma, bate o peito do Português com mais força, quando sente esta nova força para o mundo que afinal já foi seu. Nosso e também meu. Orgulho, Portugal, temos orgulho em ti porque não morreste.
Vem aí um tempo novo de acreditar que vamos lá, que Portugal é também capaz de ser mais feliz consigo próprio e com os outros. E tem de ser o PSD a protagonizar essa mudança, trabalhando sempre mais e melhor para a alcançar.
Por isso, acreditamos no nosso líder. O companheiro Santana Lopes é a voz por que aguardávamos. Na frente, na vanguarda do futuro, no Continente e nas Regiões, de norte a sul do País, ele é a voz dos oprimidos, a voz e o rosto, o primeiro de todos nós.
Com ele, o País Grita Viva Portugal. Mas não estamos sozinhos. É, pois, também meu orgulho, meu país que me segues pela televisão, dizer que esta nova força para o mundo também pode um dia signicar que o mundo se rende ao génio lusitano e também Grita Portugal connosco. Obrigado. Viva o PSD. Viva Portugal.
Mas temos de reconhecer, no caso do hino, o famoso hino que parece inaugurar essa estética e esse movimento, que se trata do resultado de um mero acaso, de milhões de acasos, aliás, de uma extraordinária conjugação de factores e variáveis militando contra o cálculo de probabilidades. Numa ordem de grandeza comparável, foi como se um macaco sentado ao computador, ao fim de alguns biliões de anos de dores lombares, tecla após tecla, tecla após tecla, tecla após tecla, numa colossal demonstração de humildade e persistência símia, acabasse por reproduzir na íntegra e com toda a perfeição a versão servo-croata do Hamlet.
Foi o que aconteceu, no entanto, ao jovem quadro da JSD escalado para falar neste último Congresso. Ele foi apenas o veículo escolhido, o instrumento da revelação, o medium. No Verão passado, na Universidade de Verão do partido, participara em workshops de escrita criativa. Em simulações orientadas, escreveu o discurso que abaixo se reproduz. Salvou-o no portátil para ocasião apropriada e não pensou mais no assunto. Quando o quis recuperar para o Congresso, verificou que um vírus ou um verme qualquer tinha afectado o sistema. E também aquele texto. E de que maneira. Abrir abria, mas não estava lá todo, apenas parte, como um deserto branco semeado de tufos de palavras aqui e ali, a esmo, que tinham resistido à monda vírica.
O jovem quadro não queria acreditar no ecrã. À sua volta, juntaram-se bocas de espanto, cresceram os murmúrios assustados pelo evidente sinal de milagre, pelo prenúncio de outras maravilhas. Como foi possível? Como aconteceu? Foi o vírus, foi o vírus. Mas, não há fraude, manipulação? Foi o vírus, como é possível? Foi possível, sim senhor. Contra o cálculo de probabilidades, contra a entropia socialista.
Resta apenas publicá-lo (o jota tinha feito cópia em disquete), o discurso que o vírus ratou e revelou como a mais fina renda linguística, infratexto que emergiu em todo o esplendor para fazer agora o seu caminho de emancipação e glória nas fundas gargantas alaranjadas.
(a cores, naturalmente, o que sobrou para o hino)
Caros Companheiros
Há quem diga que já não somos actores da história actual. Não é verdade. Outrora, vivemos momentos de coragem e de glórias nos cobrimos, mas o pátrio orgulho do passado só aparentemente desapareceu neste canto da Europa abraçado pelo mar.
Surge agora a oportunidade para vencer os desafios que temos pela frente. Renasce a esperança no olhar desse povo soberano, a que nos orgulhamos de pertencer, que abre a porta do destino, desta vez já não fatalista. Abramos, pois, as portas, que o futuro quer entrar de vez. Para ficar.
O que queremos? Queremos mais Portugal, que é já grande, afinal. Sim, grande e luso, pequenino embora, talvez, na ambição. Mas esta nova força para o mundo não pode, no entanto, ser motivo de espanto, que os jovens desta geração Portugal tem visto brilhar aquém e além-fronteiras.
Dentro dos estádios se gritou muito recentemente, mas fora dos estádios, pela diáspora portuguesa se ouve e se grita Viva Portugal. E que nos pede Portugal? Apenas a alma. E quando se lhe pede a alma, bate o peito do Português com mais força, quando sente esta nova força para o mundo que afinal já foi seu. Nosso e também meu. Orgulho, Portugal, temos orgulho em ti porque não morreste.
Vem aí um tempo novo de acreditar que vamos lá, que Portugal é também capaz de ser mais feliz consigo próprio e com os outros. E tem de ser o PSD a protagonizar essa mudança, trabalhando sempre mais e melhor para a alcançar.
Por isso, acreditamos no nosso líder. O companheiro Santana Lopes é a voz por que aguardávamos. Na frente, na vanguarda do futuro, no Continente e nas Regiões, de norte a sul do País, ele é a voz dos oprimidos, a voz e o rosto, o primeiro de todos nós.
Com ele, o País Grita Viva Portugal. Mas não estamos sozinhos. É, pois, também meu orgulho, meu país que me segues pela televisão, dizer que esta nova força para o mundo também pode um dia signicar que o mundo se rende ao génio lusitano e também Grita Portugal connosco. Obrigado. Viva o PSD. Viva Portugal.
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