27.4.05

Sem aspas

Não é certamente Jaime Eduardo de Cook e Alvega (credo!) quem vai liderar um movimento de revolta entre aspas contra a (in)justiça portuguesa. Não, este major é outro, voa sobre a liga do norte, entre o metro e a autarquia.

Todavia, assim encaixadas por alguém que permaneceu entre as ditas os meses que todos sabemos e alguns agradecem, as agora aspas vociferadas são ao mesmo tempo um alívio e um sinal dos tempos.

Alívio: entre aspas, o major revolta-se a brincar, como os soldadinhos de chumbo, e por isso a democracia nada tem a recear. Embora cuide de emendar-se. Compreende-se a indignação: o major sufocava, rebentava até, se não se aliviasse, se não arremetesse contra as aspas do mal.

Sinal: é que estas manobras de Abril revelam, por outro lado, um pouco da própria democracia e do País (com ou sem?), truncados no juízo e na acção. Basta olhar e ver, semeadas a esmo, sem reflexão, como por todo o lado elas se intrometem e são legíveis - as apagadas e vis aspas do nosso descontentamento.

(Certas criaturas levantam os braços e espetam dois dedos de cada mão.
É sabido que
o médio e o indicador se prestam melhor à gramatical função
de estreitar ainda mais
os já breves crânios entre aspas)

E não falemos do Mundo ou da Europa, esta inimitável engenharia a 25 que o non francês a 29 se prepara para farpear com delicadas e duradouras aspas - ou não mostrasse a França sempre um jeito próprio de acenar à posteridade.

Como nunca escreveu o O'Neill, vivemos hoje

uma alegria de vírgulas em fuga
para um texto mais difícil que uma purga.

1 Comments:

Blogger blogadict opinou...

Que coisa, falarem assim do major,o melhor presidente do mundo, quiçá da europa...opssss

9:57 da tarde  

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