A RTP Memória é cruel
Uma das mais curiosas rubricas da RTP Memória, sem dúvida o melhor canal da família RTP, é um apanhado de notícias do dia corrente mas nas décadas anteriores (1966, 1976, 1986 e por aí fora). No entanto, às vezes, é difícil evitar o desconforto. Em casos como estes:
Em notícia de 1976, alguém que não consegui identificar mas que devia, pelo ar de desmazelo na roupa e apresentação, fazer parte do Governo de então, refere que a única maneira de acabar com os problemas de estacionamento em Lisboa é respeitar e fazer respeitar as recém-criadas faixas de rodagem exclusivas para transportes públicos, mostrando-se confiante na resolução breve do problema.
Depois, em 1996, Fernando Pessa mostra os equipamentos colocados pela Câmara Municipal da capital em vários pontos da cidade para ajudar a combater a proliferação de dejectos caninos nos passeios, chegando ao ponto de, num exemplo ímpar de dedicação à causa jornalística, exemplificar o seu uso correcto, usando um saco de plástico para ajudar Lisboa a cheirar ligeiramente melhor.
Será que, em 2036, alguém vai ver o presidente Cavaco Silva a apelar à união em torno do grande objectivo nacional de acabar com o atraso estrutural e aproximar Portugal do resto da Europa e sentir o mesmo que sentimos perante estas relíquias noticiosas? Ou seja, que muita coisa pode mudar com a passagem do tempo mas há outras que estão bem entranhadas e não há vontade que as abale?
Em notícia de 1976, alguém que não consegui identificar mas que devia, pelo ar de desmazelo na roupa e apresentação, fazer parte do Governo de então, refere que a única maneira de acabar com os problemas de estacionamento em Lisboa é respeitar e fazer respeitar as recém-criadas faixas de rodagem exclusivas para transportes públicos, mostrando-se confiante na resolução breve do problema.
Depois, em 1996, Fernando Pessa mostra os equipamentos colocados pela Câmara Municipal da capital em vários pontos da cidade para ajudar a combater a proliferação de dejectos caninos nos passeios, chegando ao ponto de, num exemplo ímpar de dedicação à causa jornalística, exemplificar o seu uso correcto, usando um saco de plástico para ajudar Lisboa a cheirar ligeiramente melhor.
Será que, em 2036, alguém vai ver o presidente Cavaco Silva a apelar à união em torno do grande objectivo nacional de acabar com o atraso estrutural e aproximar Portugal do resto da Europa e sentir o mesmo que sentimos perante estas relíquias noticiosas? Ou seja, que muita coisa pode mudar com a passagem do tempo mas há outras que estão bem entranhadas e não há vontade que as abale?
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