actualidades (no intervalo do ratatui ou dos simpsons)
(para ler em voz alta, se possível com a voz do saudoso Pessa)
Está a dar que falar nos areópagos internacionais o primeiro acto público de aliança cretino-camponesa realizado em Portugal desde os idos do Verão quente de boa memória.
A atenção do País e do Mundo virou-se para Silves esta semana, quando a antiga e já esquecida capital do Algarve recebeu de braços abertos ranchos de jovens d'aquém e além-fronteiras, que resolveram tornar mais proveitoso para o seu compatriota ou seu anfitrião sazonal o aparentemente inútil período balnear que a mocidade almeja ao longo de meses de estudo e mortificação escolar.
Há sempre nestas andanças da lavoura os recalcitrantes, que vêem num assomo de valentia apenas um gesto de duvidoso simbolismo e no amor à terra apenas a ceifa militante de um pobre hectare de milho transgénico. Mas embora a maçaroca tenha caído em saco roto, o mesmo não sucedeu à jornada laboriosa para a Nação, que despertou um coro de simpatia na região e nas próprias autoridades locais. As forças vivas do costume quiseram e souberam dizer "presente" e testemunhar com palavras de incentivo o mesmo apreço e confiança no progresso e no fomento nacionais com que no século XIII os seus egréjios avós vitoriaram nas margens do Arade a tropa cristã a soldo do Senhor Afonso III, o Bolonhês.
Já no fim da confraternização, um dos fautores da agremiação exprimiu de modo visionário a propagação manu militari a outras localidades: "Tem transgénicos? Vai abaixo. Mesmo Baleizão."
E esta, Senhor Dom Miguel?
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