16.9.05

larguem lá o homem

Façamos então o trabalho sujo, já que Pacheco Pereira anda a pedir que o segurem para não "fazer duas magníficas e certeiras comparações entre políticos portugueses e duas personagens “larger than life”, com que eles se parecem em quase tudo".

As personagens fantásticas que JPP desencantou são Porfírio Rubirosa e Huey P. Long.

O primeiro faz literalmente justiça à escolha de JPP. Porfírio Rubirosa foi um diplomata-playboy nascido em 1909 na República Dominicana. Segundo os relatos, dispôs para uso comunitário de um dos mais famosos pénis da história: à hora do chá, em código recomendado pelo pudor, as esposas costumavam referir-se aos "últimos 30 cm de um bastão de basebol".

Em vida (não sabemos se para além dela), o senhor Porfírio coleccionou milhares de mulheres, incluindo cabeças de cartaz como Eva Perón, Ava Gardner, Jayne Mansfield, Veronica Lake e Dolores del Río. Se emborrachado, pedia uma guitarra e cantava "Soy sólo un chulo". Morreu em 1965, em Paris, num desastre de automóvel. Deixou, além das saudades, um legado aos franceses (não vem no Michelin): nos restaurantes ou nos hotéis, os clientes pedem um Rubirosa para que o empregado lhes traga um moinho de pimenta familiar.

Quanto a Huey P. Long, que foi governador da Louisiana, sabe-se que nasceu em 1893 e se auto-intitulava "Kingfish". Mais tarde, reconheceu o erro: "I ain't no fish! I'm gonna pick another name, maybe one with a lion or a tiger on it".
Long absorveu bem a tradição populista-socialista do princípio do século, e menos bem as cerca de 30 balas que lhe enfiaram em 1935. Caso contrário, teria chegado a ditador, vacina que a América hoje agradeceria.

Dito isto, estão abertas as apostas. E não tem de quê, caro Pacheco Pereira. Ainda acreditamos no serviço público.