10.1.11

cai neve em nova iorque

o facto mais significativo desta pré-campanha para as presidenciais aconteceu em nova iorque num hotel de quatro estrelas. Talvez o cid, como fez elton john após o acidente da princesa, recupere o velho tema da neve que cai além-atlântico e estreie nova letra no tributo da moda lisboa ao morto castrado.  que ninguém canta os vivos já condenados à perpétua.
atrás ou a par do motivo vem a procissão esperada: os amigos do morto e do vivo, a família de ambos, os psicólogos residentes, as tias e os gays, o crespo, a júlia e o manel, os modelos e manequins da vida. e o correio da manhã, claro, entrevista a ilga portugal. pelos não gays, vou ver o pacheco pereira debruçar-se analiticamente sobre o rigor mortis da fama.
a polícia de nova iorque não deve imaginar o impacto que isto vai ter na nossa vida. isto é o onze de setembro da caras. o katrina do jet set. o mais doloroso lifting da caneças. esperava-se o fmi, a vitória de cavaco, os aumentos do ano novo. isto não. isto é uma novidade mesmo para a indignação do miguel vale de almeida. um petisco delicioso para o país. com rabetas e paneleirices, como se explica on line. e casa pia e pedófilos e adopção por panascas sidosos. tudo misturado dá um programa político de arromba. entregava cinco por cento do meu ordenado para entrar nas tascas do meu bairro e ouvir. nos autocarros da minha cidade e ouvir. nos lares do meu país e ouvir. ouvir.
o pobre do morto não sonhou certamente este desfecho e esta glória. irónico não é. nem cor-de-rosa. mas é em grande como tudo na américa. hill street blues revisitado por david lynch numa capa da caras especial.