26.6.07

O verdadeiro motivo do afastamento de Mega Ferreira

24.6.07

My motherland é a língua portuguesa

"Izmailov já sabe dizer 'Bom dia, obrigado e Sporting' em português."

in Record

22.6.07

hey Joe

O rapaz até que nem é burro tinha é falta de uso mete o nariz onde não é chamado como um parafuso

em todas as esquinas da cidade
nas paredes dos bares à porta dos edifícios públicos nas janelas dos autocarros
mesmo naquele muro arruinado por entre anúncios de aparelhos de rádio e detergentes
na vitrine da pequena loja onde não entra ninguém
no átrio da estação de caminhos de ferro

Um espectro ameaça o país o espectro do joe

mas não protestes não desfiles não contestes não refiles

e não negues à partida um joe que desconheces

jamais

porque não há vida para além do joe

Habituem-se

Não perguntes o que é que o joe pode fazer pelo país mas sim o que o país pode fazer pelo joe

pois há os bons os maus e os vilãos e há o joe

A sombra do joe dispara mais rápido que o próprio joe

e nunca tantos passarão a dever tão pouco a tanto homem

é só fazer as contas

A verdade é que o Joe capturou o País

e o que ele andou para aqui chegar

We wonder why he always dresses in black
we never see bright colors on his back
and his appearance seems to have a somber tone
well there must be a reason for the things that he has on

Quem se meter com o joe apanha

What? m'espanto às vezes, outras m'avergonho, diz o joe


Já chega! dassssse.

deixem o Joe em paz o joe pode criar um blog um banco e um lar de terceira idade na casa pia o joe pode fazer a regionalização já no mês que vem e montar a quinta da marinha em pelo o joe já escalou a senhora da graça a fazer o pino o joe pode fazer o que quiser porque é o joe o joe está nas entrelinhas do bandarra e do segredo de camarate o joe é a nossa glasnost e a perestroika e o new deal mais o choque fiscal e o tecnológico o joe traz a ota na algibeira e alcochete no banco de trás o joe inventou o carlos espada e o lioz do ccb o joe previu a internet e o mendes bota o joe é uma espécie de dimaggio na grelha do metro e veste a opa ao negro dos três dukes o joe se quisesse era a garota de ipanema uma lavadeira de caneças ou o quinto mosqueteiro o joe é mais vermelho que o ramalhete rubro das papoilas o joe é um desígnio nacional o joe é estruturante o joe é o quarto anel. Viva o Joe. Pim.


Agradecimentos:

Jimi Hendrix
Sérgio Godinho
Daniel Filipe
Marx e Engels
Alcina Lameiras
Mário Lino
Jorge Sampaio
António Vitorino
John Kennedy
Sergio Leone
Lucky Luke
Winston Churchill
António Guterres
Saldanha Sanches
José Mário Branco
Johny Cash
Jorge Coelho
Sá de Miranda
Marguerite Yourcenar
Cesário Verde
Almada Negreiros

18.6.07

o lápis de Adília




















Tenho por Adília a vaga simpatia tácita que me inspira, em princípio, qualquer membro da espécie que não me atropele na passadeira de peões. Nada me move, portanto, contra Adília – ou nada me movia, em abono da verdade, até que Adília, sem provocação aparente, abalroou o meu pacato sábado de Primavera.

Naquela urbana refrega com a Natureza, Adília moveu-se na minha direcção, brandindo o pau amarelo numa mão e um estafado livro de rimas na outra mão. Claro que isto é uma metáfora idiota, mas o dolo que lhe está subjacente – que baptizarei como “o Sítio do Pau Amarelo” - não está previsto no Código Penal. Daí o meu desgosto e a minha sugestão pós-traumática. Como verão.

Entretanto, noutro sítio, fiquei a saber (já desconfiava) que Adília vive com gatos desde 1982 e que "a Adília surgiu com um poema que escrevi no meu diário quando uma gata minha, a Faruk, desapareceu". Este episódio, ainda que trivial, merece uma breve confissão: os meus gatos - invariavelmente "Tarecos domesticus" – permanecem todos sem grande drama ou qualquer lágrima poética na minha memória. Honra aos gatos, que mesmo Faruks, não nos ligam peva. Mas percebe-se que, em cada década, o desaparecimento de um felídeo faça nascer uma Adília.

Dizia eu que Adília arremeteu na minha direcção, sem aviso prévio e, convenhamos, a um só tempo felina e fálica: por via da instalação com que nesse fim-de-semana me travou o passo já dentro do Jardim Botânico de Lisboa (com o qual, aliás, arrumarei contas na devida altura), diria que pegou de estaca na minha atenção.

Ao longe, enquanto me aproximava do esguio vulto lenhoso (?), julguei que se tratasse de espécie botânica rara, uma atracção carnívora de turistas, sabe-se lá, devidamente fixada no habitual latim que só o doutor Bagão Félix recita de cor e salteado. Mas não. Podia lá ser. Mesmo as espécies botânicas raras que emulam falos reluzentes e providos de arestas, se bem recordo as aulas de ciências que nos introduziam nos mistérios do gineceu e do androceu, não desenvolvem nervuras longitudinais com inscrições do tipo "Lápis rima com pénis". Porque não havia mais nada que fazer, li-as (a inscrição e o nome da autora, Adília) em voz alta, depois de verificar que não havia crianças por perto.

Li, por assim dizer, o Lápis de Adília, presa do mesmo espanto com que avaliaria as exactas proporções de um monolito de Kubrik plantado ali à Escola Politécnica: um lápis triunfal espetado na bonomia ecológica do visitante, um lápis rígido como todos os lápis da Viarco, de ponta afiada a romper o azul-hímen de Lisboa. E ao longo da haste, a exercitar a minha suspensão da dúvida ante o grosseiro trompe l’oeil do artista, segui religiosamente os carreiros estampados de formigas que trepavam sem pudor ao topo do estafermo, num movimento frenético de patinhas que não pude deixar de imaginar... assaz estimulante.

Desconheço (não constava do guia do jardim) se na frigidez da noite, na ausência da excitação solar, o lápis recolheria porventura a um estado de flacidez comatosa - para desabrochar novamente na manhã seguinte. Ou por que razão não havia aparas em redor da base – quando, por definição, os lápis minguam após a penetração suicida na afiadeira. Só Adília poderá esclarecer. Mas Adília sabe como ninguém que o lápis-que-rima-com-pénis merece cumprir o seu potencial de erecção estética: mais cedo ou mais tarde, já esgotado na sua função e vigor originais (que só Deus sabe como se exercem num Jardim Botânico), irá engrossar a colecção de Joe B. no CCB.

Cumpre dizer que fiz o resto da visita mais tranquilo, atento às árvores, aos arbustos e aos patinhos em procissão. Depois esqueci-me de Adília. Até hoje. Para a homenagear com uma ideia.

Por isso, na peugada das vacas que alguém recentemente andou a enxotar por Lisboa, deixo aqui a sugestão à nova Câmara (esse corpo cavernoso que se expandirá a partir de Julho):

- faça erguer a vereação, pelas suas próprias mãos calosas ou pelas dos assessores excedentários, esplêndidos falos às centenas pelos bairros e pelos condomínios de Lisboa, de Algés ao Parque das Nações, da Baixa à Estrada da Pontinha. Falos, não lápis. Mas atenção: falo de marzápios sérios, telúricos, de glandes apoplécticas decentemente extraídas à pedra, não aquela pívia conceptual que o Cutileiro bateu ao 25 de Abril.
Que mil erecções municipais aflorem, pois, em cada quilómetro quadrado alfacinha, que uma capital inteira assim atacada de priapismo cultural faça ecoar pelo menos até Alcochete o slogan granítico por que geme o Plano Nacional de Leitura: por exemplo, que "ler rima com foder".

Desculpe, Adília, mas isto nunca me tinha acontecido.

17.6.07

algures entre Alcochete e Ota

Violetas há muitas, seu palerma!


Ando com um problema sério de dispersão. São blogs a mais e capacidade cerebral a menos, o que me leva a dedicar menos atenção a cada um do que deveria. Para inverter essa situação, achei que o melhor a fazer seria criar mais um, pois claro. Fica o convite para irem comer uma tosta mista a:

A Vingança da Violeta

E continuem a passar por aqui para bitaites ocasionais meus e, menos ocasionais, dos outros distintos colegas.

Atchim.

12.6.07

ontem (Marcello), hoje (Nápoles) e amanhã (Benfica)

10.6.07

Sark [hic] ozy

8.6.07

30 anos depois
















Parafraseando Adrian Cronauer (Robin Williams) em "Good Morning Vietnam" - "You are in more dire need of a blowjob than any white man in history", este país precisa mais do que nunca que lhe façam uns cafunés.

ala portuguesa da manif anti-G8

back in the USSR
























Putin em conferência de Imprensa:

- "Respondendo ao senhor jornalista... do Allgarve. Niet? De Portugal? Da. Spaciba. Não, este míssil não está apontado nem à base americana nos Açores nem à Nato em Cascais. Niet. Pacheco Pereira não fala verdade. Almeida Santos sim. Ele foi especialmente concebido para desligar o norte do vosso país do sul do vosso país. Os nossos técnicos têm pronto um PowerPoint com todos os detalhes sobre o assunto. OK? Spaciba. Next question, please.

4.6.07

metáfora apressada

"Nesta altura a intervenção parlamentar não é uma corrida, mas sim uma maratona"
Francisco Louçã ao DN


Tivesse o Francisco afirmado que a intervenção parlamentar não é, por assim dizer, uma corrida, digamos, de toiros e eu permaneceria simplesmente em silêncio a remoer o Eça.

Et pourtant, de pé atrás: porque a impressão que me fica, por vezes, da deriva retórica das bancadas, é que nelas se exibem, com a galhardia que o estrangeiro nos cobiça, moços esforçados de oposição e diligentes capinhas da situação, simpáticos matadores de tédio (dos espectadores do respectivo canal) e, há que dizê-lo com preocupação, raros cachaços em que se possa cravar sem remorsos e com direito a pasodoble o difícil ferro de "inteligente" nacional (bem que eu gostaria de chegar aos calcanhares do Ary).

Mas não. O Francisco, se o DN não lhe trocou as voltas, dá a entender que a maratona, não sendo uma corrida, é... outra coisa qualquer. Corrida? Não. Podia até ser o túnel do Marquês, uma gaffe do Manuel Pinho, um difícil problema de Sudoku. Tudo menos a rápida progressão horizontal que matou um grego por causa de uma batalha. Ficamos sem saber. Mas, se o Francisco faz essa maratona ao pé coxinho, não deve esperar que alguém lhe aplauda a frescura na televisão. Porque faz batota.

Foi certamente sem dolo e por distracção. Mas, antes de mais, o Francisco acabou por desconsiderar, do Olimpo luso ainda corrente, pelo menos um caro Lopes e uma nossa Mota. Pode esquecer qualquer tempo de antena dos dois. Ora junte-lhe mais outros Carlos e tantas Rosas: sim, esses medíocres back benchers do IC19 ou da VCI que se fazem à estrada buscando a glória do anonimato. Verá que a dimensão do ultraje é assombrosa.

Lendo o Francisco, até parece que a maratona, assim desqualificada, se passeia em fato de treino de manhã, nos sábados da Caparica ou do paredão da Linha. E que assobia, entre os abastecimentos mensais, "A Ponte do Rio Kwai" ou a integral de John Philip de Sousa. Fica por explicar a dolorosa recta final dos mil restos do pelotão, já sem fôlego sequer para o primeiro compasso da A5 (tan tan tan tan...), a arrastar passos perdidos que a federação não proíbe nem estimula.

Ó Francisco, que diabo, se você não corre a maratona (não lhe sugiro que se junte às "minis"* do Sócrates), então anda atrás de quê? Não sei se quer um dia fechar a Praça Vermelha. Mesmo que se fique pela do Comércio, vá lá, calce as sapatilhas (do comércio justo, claro), ajuste o iPod (aqui já não sei dar-lhe a alternativa) e voe com o Vangelis (também tem o Lopes Graça). Eu confesso que não tenho pernas para o acompanhar. Espero por si 42 quilómetros e qualquer coisa mais à frente. À sombra, claro.

Não sendo a rapidinha americana do hectómetro ou o carrossel africano dos 5 mil, sempre é, aqui para nós, um corridinho transpirado. Não acha?


* Agradece-se o reparo do comentador: não são "meias".