24.6.05

Ai este é o estado da Nação

Eça, mais uma vez o Eça, sempre o Eça, raios o partam:

Tínhamos caído numa indiferença, num cepticismo imbecil, num desdém de toda a ideia, numa repugnância de todo o esforço, numa anulação de toda a vontade... Estávamos caquécticos! O Governo, a Constituição, a própria Carta tão escarnecida, dera-nos tudo o que nos podia dar: uma liberdade ampla. Era ao abrigo dessa liberdade que a Pátria, a massa dos portugueses tinha o dever de tornar o seu País próspero, vivo, forte, digno da independência. O Governo! O País esperava dele aquilo que devia tirar de si mesmo, pedindo ao Governo que fizesse tudo o que lhe competia a ele mesmo fazer!... Queria que o Governo lhe arroteasse as terras, que o Governo criasse a sua indústria, que o Governo escrevesse os seus livros, que o Governo alimentasse os seus filhos, que o Governo erguesse os seus edifícios, que o Governo lhe desse a ideia do seu Deus!
Sempre o Governo! O Governo devia ser o agricultor, o industrial, o comerciante, o filósofo, o sacerdote, o pintor, o arquitecto – tudo! Quando um país abdica assim nas mãos dum governo toda a sua iniciativa, e cruza os braços esperando que a civilização lhe cai feita das secretarias, como a luz lhe vem do Sol, esse país está mal: as almas perdem o vigor, os braços perdem o hábito do trabalho, a consciência perde a regra, o cérebro perde a acção. E como o governo lá está para fazer tudo – o país estira-se ao sol e acomoda-se para dormir. Mas, quando acorda – é como nós acordámos com uma sentinela estrangeira à porta do Arsenal!
Ah! Se nós tivéssemos sabido!


A Catástrofe, EdQ

23.6.05

Solte o revolucionário que há em si!

A identidade secreta revelada após uma rápida passagem pela cabine telefónica para largar a farda:


(Fotografia da manifestação das forças de segurança, a 22 de Junho)

Hasta siempre, Agente Reginaldo!

Em apenas 4 dias, esta é a segunda fotografia de agentes da autoridade publicada, por mim, neste blog. Espero que compreendam, os senhores agentes, que não há nada pessoal nesta infeliz coincidência, e que o motivo destas publicações não tem nada a ver com desrespeito por aqueles que, tão bem, zelam pela nossa segurança. Posto isto, considero não haver motivos para que me decapitem.

20.6.05

Grande vaca

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A expressão "ter uma grande vaca" significa por aqui beneficiar de uma sorte inacreditável. Não sei até que ponto é um regionalismo mas acredito que também se use em outras partes do país. Ontem vi imagens de alguém que ilustra este conceito na perfeição e com a particularidade de assumir sem quaisquer complexos a monumental vaca que teve. Não se trata de uma crítica. Ter tamanha sorte é, realmente, motivo para celebração eufórica.

19.6.05

Portuguese (gay) proud



No PÚBLICO: "esta não é uma manifestação racista" mas apenas uma forma de demonstrar "orgulho na raça e no povo português".

Não sei porquê, quando olho para estes tipos só os consigo imaginar em bares mal frquentados, vestidos com calças sem cu, a cantar o hino com as mãos nas pilas uns dos outros.

Há pessoas que têm tão pouco de que se orgulhar que lhes resta o orgulho em ser português. Provavelmente, convencidos que nascer em Portugal se consegue por mérito próprio, só ao alcance de mentes puras e superiores. Cambada...

16.6.05

Este tipo anda com má cara!



Pode até nem ser pedófilo, tudo bem, mas podiam prendê-lo na mesma. Já se fizeram coisas bem piores por um gajo ser ateu, maricas, comunista...

15.6.05

A maldição do miradouro

Por que será que todos os bairros com "Bela Vista" no nome são sítios onde há grandes possibilidades de se ser roubado e/ou violado, empalado, desventrado, mutilado? Será que se convencionou que "Bela Vista" é um eufemismo para "ghetto"?

13.6.05

Humor

Os Estados Unidos consideraram Moçambique um modelo de desenvolvimento político e económico.

Pxx Pum!

Jeitinho

Para comentar no estúdio a morte de Álvaro Cunhal, a RTP convidou Zita Seabra.

E pronto...

3.6.05

E os pobrezinhos? Coitadinhos!

Saiu esta semana no Expresso um artigo com o título "O défice sentido no bolso". Trata-se de uma espécie de ensaio sobre os Euros que os cortes orçamentais retiram à família Lopes.



O casal de professores expõe sem pudor os seus rendimentos e despesas mensais.
Entram nos cofres da família 2898 Euros por mês, 1498 da parte do pai e 1400 da parte da mãe. São 560 (miseráveis) contos, na boa moeda antiga. São depois apresentadas as despesas, onde se podem encontrar coisas como:
360 Euros para o empréstimo bancário (é um T5 duplex, com sótão aproveitado).
120 Euros para as aulas de inglês dos miúdos (são dois).
100 Euros para a empregada de limpeza.
100 Euros para livros e CDs.
57 Euros para a TV Cabo.

Tudo junto, a família tem 2069 Euros de despesas fixas. Com as novas medidas, vê este número aumentar para 2084 Euros, sobrando-lhe apenas 814 Euros para gastar em parvoíces. É quase o dobro do ordenado mínimo, uma ninharia!

Dizem também que, com esta coisa do défice, "se calhar vamos ter que adiar mais uma vez algumas coisas, como as férias lá fora", sendo que "foram de férias ao estrangeiro apenas duas vezes - uma semana à Grécia e uma vez a Paris". Realmente, não há justiça neste planeta. Como é que alguém pode viver se não pode fazer férias lá fora?!

O pai, revoltado por ver travada a sua progressão na carreira, diz que é "avaliado com o mesmo 'satisfaz' que o professor que ontem vi a dar uma aula no jardim da minha escola, com o jornal na mão". Não me parece que exista alguma tese a respeito das diferenças de produtividade e de interesse entre as aulas dadas em jardins e aulas dadas em salas escuras e bafientas. O mesmo acontece com a influência que têm os objectos que o professor traz na mão. Ainda assim, é evidente que os alunos se vão lembrar, até ao fim dos seus dias, do professor incrivelmente competente que deu 110 aulas, monocórdicas, como vem nos livros.

Expresso aqui a minha solidariedade para com a família Lopes, e aproveito para propor uma ou duas alterações ao algoritmo orçamental deste casal infeliz, que poderão dar uma ajudinha nos cortes orçamentais de dimensão familiar:

1. Transformar os 360 Euros do T5 duplex em 200 Euros para um T3 ou T4 simplex - 160 Euros.

2. Dispensar a empregada de limpeza. É uma actividade que pode ser vista como um desporto para a Srª Lopes. Não faz mal a ninguém e até dá para perder uns quilitos. O mesmo é válido para o Sr. Lopes - 100 Euros.

3. Os miúdos não andam na escola? Os professores de inglês são assim tão maus? Ou não havia vaga nos escuteiros? - 120 Euros.

4. Acabar com essas parvoíces da Sexy Hot e da Sport Tv. - 32 Euros.

5. Levantarem-se todos os dias e repetir dez vezes a frase: "Eu não sou uma vítima!". Poupa-se o que não se gasta no psicólogo daqui a uns anos. É uma coisa a longo prazo.

6. Ler um bocadinho mais devagar e ouvir o mesmo CD pelo menos duas vezes - 50 Euros.

7. Vão para fora, cá dentro. Talvez não ajude muito, mas pelo menos vão "lá fora".

E assim, sem grande esforço, se poupam 462 Euros. Se juntarmos aos 814 que já tinham, são 1276 Euros. Foi o melhor que se pôde arranjar.

Espero, sinceramente, ter ajudado. Proponho que se exclame um "Oh!" nacional, de pena, dia 10 de Junho, pelo meio-dia.

"A working class hero is something to be
If you want to be a hero well just follow me"