26.2.06
A SIC começou a promover a série "7 Vidas" (aquela em que Teresa Guilherme faz de actriz... mal, muito mal) como sendo algo tão especial que apenas dá uma vez e sem direito a repetições noutros dias da semana. E é este o único louvor que lhe fazem. Por mim, estou convencido. Normalmente, as promoções de programas inventam qualidades onde elas não existem e não cessam de as repetir. Se "7 Vidas" é algo tão mau que nem os vendedores de banha da cobra televisiva conseguem inventar-lhe uma qualidade, vou começar a ver os episódios todos com avidez. Por solidariedade.
22.2.06
20.2.06
Nacional da Madeira
texto de José Ricardo Costa, publicado originalmente no Jornal Torrejano
Se há equipa portuguesa com que sempre embirrei é o Nacional da Madeira. Pronto, embirro!
Se o Nacional da Madeira fosse uma pessoa e se olhasse ao espelho, perguntando: "Quem sou?", "Para onde vou?", "Qual a razão da minha existência?", estou convencido de que ficaria condenado a viver num estado de perpétua angústia existencial.
Para já, o campo onde joga é digno do campeonato afegão.
Tem o treinador mais feio da 1.ª Liga. A verdade seja dita, isto também só acontece porque Manuel Cajuda está de momento a treinar o Zamalek do Egipto e Paulo Branco decidiu ser produtor de cinema em vez de treinador de futebol.
Os jogadores mais importantes, tirando Hilário, Ávalos, Chaínho e Bruno, são todos pindéricos, tipo Serginho Baiano, Cléber, Miguelito, e assim.
Depois, e contrariamente ao Marítimo, não tem qualquer grandeza. A grandeza de um Braga, de um Vitória de Guimarães, ou até a grandeza de clubes modestos como o Portimonense, o Leixões ou o Barreirense.
Uma das coisas que sempre me intrigaram é a razão por que, sendo um clube lá da Madeira, se chama "Nacional". O Marítimo ainda tem um nome que cheira a mar e que traduz a identidade da região. Mas, "Nacional da Madeira", porquê?
Bastou, porém, ver o recente jogo com o Benfica para a taça, para finalmente obter a resposta. O Nacional é um clube nacional na verdadeira acepção da palavra.
Quando se chegou ao fim do prolongamento, o banco do Nacional festejou a ida a penalties. Isso, depois de vermos que era mesmo esse o seu objectivo. Ora, isto tem o seu quê de complexo.
No jogo não havia pontos em disputa, logo, o empate não teria qualquer valor. O Benfica vinha de duas derrotas por 3-1. Uma delas com o modesto União de Leiria. Estando o Nacional nos primeiros lugares da 1.ª Liga teria, a priori, argumentos para explorar as fragilidades de uma equipa que perde duas vezes seguidas por 3-1.
Ora, mas aí é que está uma das razões pelas quais se chama Nacional da Madeira. É porque há uma identificação absoluta entre o Nacional e a nação que representa: Portugal.
Em vez de arregaçar as mangas e tentar ganhar o jogo para não ter de enfrentar o momento sempre dramático dos penalties, preferiu jogar à defesa, não investir, deixar correr o jogo para se entregar ao destino.
Basta ver como o banco festejou o apito final do árbitro antes dos penalties. Como se já estivesse a festejar a vitória.
Se virmos bem, Portugal também funciona assim. Gostamos de esperar para ver. Nós não gostamos de arregaçar as mangas para resolver problemas. Gostamos de arregaçá-las, sim, mas para ficarmos mais à vontade enquanto esperamos que o destino nos resolva o problema.
Mas não é só nisto que o Nacional é verdadeiramente nacional.
Na classificação está entre os primeiros. Entre Porto, Sporting e Benfica. Mas como? É simples: um clube pobre e frágil como o Nacional só consegue isso graças a um artificial suporte financeiro do governo regional. Não devido ao peso real e sociológico do clube.
Ora, Portugal também é assim. O nosso desenvolvimento dos últimos anos, colocando-nos entre os mais ricos da Europa, também não representa um desenvolvimento real, sendo apenas o dinheiro da Europa que nos faz andar na mó de cima.
Tal como a nação, o Nacional é um clube pobre, mas com aparência de rico. Tem o motor de um Opel Corsa em segunda mão, mas a carroçaria de um Mercedes.
O próprio campo do Nacional é um pouco a imagem do nosso Portugal. Um país como uma paisagem cada vez mais degradada, um país de eucaliptos, de barracos com chapas de zinco, entulho e de ervas daninhas que conspurcam a nossa paisagem rural. Mais: um país onde dificilmente se anda meia dúzia de quilómetros sem dar com uma casa feia ou solenemente kitsch.
Uma pessoa vem da Europa civilizada, chega a Portugal e a sensação que tem é a de que acaba de sair do Estádio de Wembley para entrar no estádio Eng. Rui Alves, o miserável campo do Nacional da Madeira.
E aqui temos, por fim, outro dado importante. O facto de o campo se chamar "Eng. Rui Alves" é também um flagrante sinal da inequívoca ligação entre o Nacional e a nação lusitana.
Dificilmente haverá países na Europa com tantos doutores e engenheiros como em Portugal. Como sinal de identificação social, claro.
Somos escandalosamente ignorantes e iliterados, a começar por muitos dos doutores e engenheiros. Mas gostamos de nos pavonear como se fôssemos novos-ricos bielorussos ou da máfia romena.
Ora, é precisamente isso que se passa com o campo do Nacional da Madeira: um campo que é de uma pobreza confrangedora, mas que tem o título de "Engenheiro". Conhecem algum estádio na Europa civilizada com nome de engenheiro, doutor ou comendador?
O que é mais engraçado no meio de tudo isto é o facto de o campo, apesar de se chamar "Eng. Rui Alves", ser conhecido por "Estádio da Choupana".
Ora, será difícil achar mais simbolismo do que isto para retratar Portugal: um país que tem uma economia de choupana, uma produtividade de choupana, uma educação de choupana, uma cultura de choupana, mas que, olhando-se ao espelho, se sente um verdadeiro senhor engenheiro?
Fica, para a História, a vitória do Benfica, com o último penalty a ser marcado implacavelmente por Simão Sabrosa.
Se há equipa portuguesa com que sempre embirrei é o Nacional da Madeira. Pronto, embirro!
Se o Nacional da Madeira fosse uma pessoa e se olhasse ao espelho, perguntando: "Quem sou?", "Para onde vou?", "Qual a razão da minha existência?", estou convencido de que ficaria condenado a viver num estado de perpétua angústia existencial.
Para já, o campo onde joga é digno do campeonato afegão.
Tem o treinador mais feio da 1.ª Liga. A verdade seja dita, isto também só acontece porque Manuel Cajuda está de momento a treinar o Zamalek do Egipto e Paulo Branco decidiu ser produtor de cinema em vez de treinador de futebol.
Os jogadores mais importantes, tirando Hilário, Ávalos, Chaínho e Bruno, são todos pindéricos, tipo Serginho Baiano, Cléber, Miguelito, e assim.
Depois, e contrariamente ao Marítimo, não tem qualquer grandeza. A grandeza de um Braga, de um Vitória de Guimarães, ou até a grandeza de clubes modestos como o Portimonense, o Leixões ou o Barreirense.
Uma das coisas que sempre me intrigaram é a razão por que, sendo um clube lá da Madeira, se chama "Nacional". O Marítimo ainda tem um nome que cheira a mar e que traduz a identidade da região. Mas, "Nacional da Madeira", porquê?
Bastou, porém, ver o recente jogo com o Benfica para a taça, para finalmente obter a resposta. O Nacional é um clube nacional na verdadeira acepção da palavra.
Quando se chegou ao fim do prolongamento, o banco do Nacional festejou a ida a penalties. Isso, depois de vermos que era mesmo esse o seu objectivo. Ora, isto tem o seu quê de complexo.
No jogo não havia pontos em disputa, logo, o empate não teria qualquer valor. O Benfica vinha de duas derrotas por 3-1. Uma delas com o modesto União de Leiria. Estando o Nacional nos primeiros lugares da 1.ª Liga teria, a priori, argumentos para explorar as fragilidades de uma equipa que perde duas vezes seguidas por 3-1.
Ora, mas aí é que está uma das razões pelas quais se chama Nacional da Madeira. É porque há uma identificação absoluta entre o Nacional e a nação que representa: Portugal.
Em vez de arregaçar as mangas e tentar ganhar o jogo para não ter de enfrentar o momento sempre dramático dos penalties, preferiu jogar à defesa, não investir, deixar correr o jogo para se entregar ao destino.
Basta ver como o banco festejou o apito final do árbitro antes dos penalties. Como se já estivesse a festejar a vitória.
Se virmos bem, Portugal também funciona assim. Gostamos de esperar para ver. Nós não gostamos de arregaçar as mangas para resolver problemas. Gostamos de arregaçá-las, sim, mas para ficarmos mais à vontade enquanto esperamos que o destino nos resolva o problema.
Mas não é só nisto que o Nacional é verdadeiramente nacional.
Na classificação está entre os primeiros. Entre Porto, Sporting e Benfica. Mas como? É simples: um clube pobre e frágil como o Nacional só consegue isso graças a um artificial suporte financeiro do governo regional. Não devido ao peso real e sociológico do clube.
Ora, Portugal também é assim. O nosso desenvolvimento dos últimos anos, colocando-nos entre os mais ricos da Europa, também não representa um desenvolvimento real, sendo apenas o dinheiro da Europa que nos faz andar na mó de cima.
Tal como a nação, o Nacional é um clube pobre, mas com aparência de rico. Tem o motor de um Opel Corsa em segunda mão, mas a carroçaria de um Mercedes.
O próprio campo do Nacional é um pouco a imagem do nosso Portugal. Um país como uma paisagem cada vez mais degradada, um país de eucaliptos, de barracos com chapas de zinco, entulho e de ervas daninhas que conspurcam a nossa paisagem rural. Mais: um país onde dificilmente se anda meia dúzia de quilómetros sem dar com uma casa feia ou solenemente kitsch.
Uma pessoa vem da Europa civilizada, chega a Portugal e a sensação que tem é a de que acaba de sair do Estádio de Wembley para entrar no estádio Eng. Rui Alves, o miserável campo do Nacional da Madeira.
E aqui temos, por fim, outro dado importante. O facto de o campo se chamar "Eng. Rui Alves" é também um flagrante sinal da inequívoca ligação entre o Nacional e a nação lusitana.
Dificilmente haverá países na Europa com tantos doutores e engenheiros como em Portugal. Como sinal de identificação social, claro.
Somos escandalosamente ignorantes e iliterados, a começar por muitos dos doutores e engenheiros. Mas gostamos de nos pavonear como se fôssemos novos-ricos bielorussos ou da máfia romena.
Ora, é precisamente isso que se passa com o campo do Nacional da Madeira: um campo que é de uma pobreza confrangedora, mas que tem o título de "Engenheiro". Conhecem algum estádio na Europa civilizada com nome de engenheiro, doutor ou comendador?
O que é mais engraçado no meio de tudo isto é o facto de o campo, apesar de se chamar "Eng. Rui Alves", ser conhecido por "Estádio da Choupana".
Ora, será difícil achar mais simbolismo do que isto para retratar Portugal: um país que tem uma economia de choupana, uma produtividade de choupana, uma educação de choupana, uma cultura de choupana, mas que, olhando-se ao espelho, se sente um verdadeiro senhor engenheiro?
Fica, para a História, a vitória do Benfica, com o último penalty a ser marcado implacavelmente por Simão Sabrosa.
19.2.06
O último adeus
Lúcia dos Santos, freira carmelita falecida há mais de um ano, é hoje celebrada com honras de Estado e de santa (que será um dia) e direito a uma aberrante emissão em directo feita por todas as estações de televisão. Bom seria que se lembrasse também o lado menos folclórico e beato da questão. Bom seria que, para lá da pastorinha vidente, se lembrasse a criança mentalmente instável ou mitómana que uma Igreja reprimida pela Primeira República e, posteriormente, o Estado Novo tão bem souberam aproveitar em proveito próprio, encarcerando-a para sempre no silêncio e evitando que as suas palavras de desequilibrada comprometessem o circo pagão de esmolas, bricabraque e misérias que é Fátima.
Ámen.
17.2.06
Contenção de despesas
Muita gente se interroga sobre a veracidade das alegações que atribuem às autarquias grande parte da responsabilidade no eterno descontrolo das despesas públicas. Perguntam se será mesmo possível que as autarquias gastem assim tanto e, a sê-lo, qual o destino dado ao dinheiro? Será que os autarcas o metem no bolso? Será que são todos corruptos? Para provar que não são, passo a explicar como é gasta uma boa parte do dinheiro.
Pela manhã, fui surpreendido por um aglomerado de funcionários camarários (não vou dizer qual é a Câmara para não ferir susceptibilidades) encarregues de aterrar um canteiro. De tal forma me pareceu desproporcionada a relação entre o número de funcionários e a dificuldade da tarefa que não resisti a guardar o momento para a posteridade.
Item 1
Eis quatro dos funcionários rodeando o canteiro. Um quinto aproxima-se depois de ter passado longos minutos numa conversa telefónica.
Item 2
Mas nem valia a pena o recém-chegado ter interrompido a conversa porque foi só mais um para ficar a olhar.
Item 3
Ora vamos lá a contá-los. Um, dois, três, quatro, cinco. Cinco funcionários mais três para conduzir a camioneta que trouxe a terra e um outro para conduzir a carrinha onde estes cinco viajaram. Note-se ainda que um dos funcionários parece ter como única função pilotar o carro de mão.
Item 4
O monte de terra era este. Um autêntico Evereste. O piloto do carro de mão, sobrequalificado para fazer qualquer outra coisa, aproveita para fazer uma pausa e acender um cigarro.
Item 5
Terminados os trabalhos, era necessário verificar que nenhum grão de terra ficasse fora do sítio. É o que faz o senhor com a pá. O outro não sei bem o que fazia mas parecia muito interessado em observar qualquer coisa no chão. Um entomólogo amador talvez?
Pela manhã, fui surpreendido por um aglomerado de funcionários camarários (não vou dizer qual é a Câmara para não ferir susceptibilidades) encarregues de aterrar um canteiro. De tal forma me pareceu desproporcionada a relação entre o número de funcionários e a dificuldade da tarefa que não resisti a guardar o momento para a posteridade.
Item 1
Eis quatro dos funcionários rodeando o canteiro. Um quinto aproxima-se depois de ter passado longos minutos numa conversa telefónica.
Item 2
Mas nem valia a pena o recém-chegado ter interrompido a conversa porque foi só mais um para ficar a olhar.
Item 3
Ora vamos lá a contá-los. Um, dois, três, quatro, cinco. Cinco funcionários mais três para conduzir a camioneta que trouxe a terra e um outro para conduzir a carrinha onde estes cinco viajaram. Note-se ainda que um dos funcionários parece ter como única função pilotar o carro de mão.
Item 4
O monte de terra era este. Um autêntico Evereste. O piloto do carro de mão, sobrequalificado para fazer qualquer outra coisa, aproveita para fazer uma pausa e acender um cigarro.
Item 5
Terminados os trabalhos, era necessário verificar que nenhum grão de terra ficasse fora do sítio. É o que faz o senhor com a pá. O outro não sei bem o que fazia mas parecia muito interessado em observar qualquer coisa no chão. Um entomólogo amador talvez?
11.2.06
10.2.06
9.2.06
8.2.06
Aqueles chineses são uns pândegos!
A República Popular da China condenou a publicação de cartoons tendo como personagem central o profeta Maomé por considerar que tal constitui uma violação do princípio de respeito pela diversidade religiosa.
Haha!
Haha!
7.2.06
Uma questão elementar
Enquanto ainda se pode, aproveito para dizer o seguinte:
Maomé é um palerma, Buda é um choninhas e Cristo é um imbecil.
PS-Moisés não bate bem e Shiva não lava as mãos quando vai à casa de banho (nenhuma das quatro).
Maomé é um palerma, Buda é um choninhas e Cristo é um imbecil.
PS-Moisés não bate bem e Shiva não lava as mãos quando vai à casa de banho (nenhuma das quatro).
1.2.06
De uma vez por todas...
... aprovem lá o casamento entre pessoas do mesmo sexo!
Dizia uma senhora no forum TSF de hoje: "... peço às autoridades deste país que nã aprovem essa lei tã porca, porque nós aqui semos uma maioria de católicos de bons costumes". De facto a população de Portugal é maioritariamente católica. Quanto a isso dos bons costumes...
O senhor da fotografia quer um filho do Liedson. Digam lá os cientistas o que disserem, o importante é ter fé. Não se devem cortar assim as asas aos sonhos das pessoas, independentemente da porcaria em que, na cabeça de algumas pessoas, se pode tornar a vida de um gajo depois de uma decisão destas.
Deus ia gostar de saber que cada um dos seus filhos pode ter uma vida "tã porca" quanto queira.
Dizia uma senhora no forum TSF de hoje: "... peço às autoridades deste país que nã aprovem essa lei tã porca, porque nós aqui semos uma maioria de católicos de bons costumes". De facto a população de Portugal é maioritariamente católica. Quanto a isso dos bons costumes...
O senhor da fotografia quer um filho do Liedson. Digam lá os cientistas o que disserem, o importante é ter fé. Não se devem cortar assim as asas aos sonhos das pessoas, independentemente da porcaria em que, na cabeça de algumas pessoas, se pode tornar a vida de um gajo depois de uma decisão destas.
Deus ia gostar de saber que cada um dos seus filhos pode ter uma vida "tã porca" quanto queira.