29.10.04

A nossa televisão está a mudar...

Há algum tempo atrás, tive a oportunidade de dissertar noutro poiso sobre "A Ferreirinha," uma grande produção da RTP, escrita por Moita Flores e que prometia ser uma coisa nunca vista. Não é assim tão original mas a classificação de "coisa nunca vista" não é de todo descabida. Já dizia não sei quem que uma imagem vale mil palavras. Fiquem com o troco.


Catarina Furtado como Ana Plácido em pleno julgamento. Note-se a tensão dramática que transparece mesmo numa imagem estática.


Mais tensão dramática. O actor João Carvalho e Zé Povinho. Estranho... parece mesmo o Carlos Alberto Moniz, não parece?


Camilo Castelo Branco (João Reis) e Ana Plácido (Catarina Furtado) trocam um olhar combalido observados por alguém que, ou se prepara para fazer um manguito e dizer "Queres fiado? Toma!" ou planeia a reedição da banda sonora da "Arca de Noé."


A própria. A Ferreirinha interpretada por Filomena Gonçalves, esposa de Moita Flores. Tudo em família.


"E dizem eles que isto não presta... Hmpf!"


Patilhas postiças e efeitos luminosos de topo de gama.


"Corazón de Lagrimas," capítulo 47. Daisy descobre que é traída por Juan Pablo.


Sacana do Juan Pablo! Não se faz!


Patilhas ou um chapéu estranho?


Sim, senhoras e senhores, é mesmo João Soares.

28.10.04

Activo e passivo

O senhor Ministro das Finanças deixou no ar uma ameaça velada: há activos (palavra curiosa) do Estado que são a custo zero para o utilizador. E que provavelmente vão deixar de ser a custo zero. Ou seja, CUT. E mais não disse.

O País, entretido com patos e burros e já enjoado com as revelações do senhor de Sousa, estremeceu. Depois bocejou e mudou de canal. Mas não sabe o que vai passar a pagar.

Eis algumas sugestões grátis:

- o ar que respiramos, obviamente;
- o polícia que cumprimentamos, educadamente
- a passadeira que atravessamos, cautelosamente
- a calçada portuguesa que pisamos, seguramente
- o lume que cravamos, portuguesmente

E ainda:

- dizer mal do governo, atrevidamente
- dizer muito mal do governo, agravadamente
- mandar piropos, lascivamente
- a lua cheia e o quarto crescente, poeticamente
- escrever em blogs, manifestamente


Estes são alguns activos à escolha. Os passivos são, incontestavelmente, outros. Passivos, pacientes, inactivos, inertes. Como os gases raros.

Roccocó



Este senhor é Rocco Siffredi, uma das maiores vedetas porno do mundo. Admitir conhecê-lo deixou de ser embaraçoso quando participou no "Romance" de Catherine Breillat, um filme perfeitamente legítimo.

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Por outro lado, admitir conhecer o senhor nesta fotografia já é motivo para embaraços. Trata-se de Rocco Butiglione, um dos elementos da Comissão Europeia que seria chefiada pelo nosso Durão Barroso. O uso do condicional explica-se por ter admitido publicamente que a homossexualidade é pecado e por afirmar que o casamento existe para proporcionar às mulheres a protecção de um homem, o que não caiu bem junto dos deputados do Parlamento Europeu. Graças a isso, Durão vê posta em risco a sua indigitação.

Para além do nome e do facto de ambos serem italianos, as duas figuras têm mais alguma coisa em comum. (O parágrafo seguinte contém vernáculo. É a altura ideal para deixar de ler, doutora Maria Barroso.)

O primeiro Rocco fode profissionalmente. O segundo também. Pelo menos, fê-lo nesta ocasião. O Rocco musculado fode colegas de profissão. O Rocco gordo também. A diferença é que quem Rocco 1 fode costuma ter melhor aspecto do que quem Rocco 2 fodeu.

A moral da história poderia ser esta: Os broncos fodem-se uns aos outros.

Owlman

"O ex-líder do PSD, Marcelo Rebelo de Sousa, disse ontem, perante a Alta Autoridade para a Comunicação Social, que o patrão da TVI lhe deu duas semanas para "repensar" os seus comentários naquela estação e acusou o ministro Gomes da Silva de pressionar a TVI." (PÚBLICO)

A luz com a silhueta do mocho brilha algures nos céus:

Ouvi-nos Homem-Coruja, vigilante atento
da humilde mas honrada plebe!
A Ti suplicamos,
clemência e misericórdia!
Que a força esteja contigo!
Despertai das profundezas da inércia!
Abri a porra da pestana!
Não nos obrigueis a vir para a rua gritar!
... e livrai-nos do mal,
do Gomes da Silva
e do Paes do Amaral!

23.10.04

A hora do túnel



Sem avisar, Portugal entrou um dia no túnel do tempo (ou seria um buraco de verme?) e não voltou. Não há certezas quanto à saída do outro lado: esbarrou provavelmente na sublime sova de Henriques a sua mãe ou enfiou-se, em hora de ponta, no leito de Dona Carlota Joaquina. De qualquer forma, saiu para não voltar. É contumaz.

Portugal, se voltasse, recolheria tarde (e sem chave de casa). E ao velho Português residente, discreto hífen entre os anos, pouco ânimo restaria senão para tagarelar a sua preocupação com a demora. O menino são horas de chegar? Pois fica de castigo sem o jipe a semana inteira.

Então que fazer? - perguntava Lenine nos dias difíceis (e Abrunhosa nos restantes). Simples: escavemos! Sim, escavemos. Escavemos túneis e contra-túneis, à procura. Escavemos.
Minar é a solução clara para o nosso problema – embora suja, muito working class e cerveja preta, minemos. Como Diógenes à procura, procuremos. Não o Homem, mas o País desaparecido sem avisar. Não só de lanterna, à picareta também, a minar. Não cínicos, não senhor, mas em fila e radicais, como na Branca de Neve e no MRPP dos murais. Levados, levados, sim. Tunelemos. Pelas hortas e pelos condomínios, no Marco e na 2ª circular. Escalavremos. A terra ainda é larga, sobra para todos. Esqueçam Olivença e os subsídios. Cavemos.

O Português braçal tem, pois, uma obra e um destino pela frente: o túnel. E o seu fundo. O fundo do túnel. E ao fundo, branca e leve aleluia, qualquer luz. Ou, branco e hard aleluia, qualquer Frota. Qualquer ponte cintilante meu irmão.

O fundo do túnel: Alfa de Centauro ou Bruxelas, Quinta da Marinha em Belém. Tanto faz. Cava e emergirás. É a hora do túnel. É a hora do túnel.

22.10.04

O visionário

António Mexia, prova viva de que os yuppies também podem dar o seu contributo à causa pública e que não pensam só em ganhar dinheiro e comprar roupa, carros e férias no Brasil, teve a brilhante ideia de adaptar a linha ferroviária da ponte 25 de Abril ao TGV, mítico comboio de alta velocidade que há-de chegar a Portugal um dia.
Está claro que a travessia do Tejo teria de ser feita a velocidade reduzida, o que tornaria a viagem entre Campolide e o Pragal tão longa como entre Paris e Madrid mas isso não importa. O que importa é que temos um homem de ideias no Governo.
Mas eu também tenho ideias. E não me importo de oferecer esta ao senhor ministro. É para o bem comum.
Que tal fazer o TGV entrar em Portugal por Vilar Formoso, onde seria construído um inovador terminal de teletransporte, que transportaria automaticamente a composição para um outro terminal semelhante às portas de Lisboa. Nada mal pensado, não é? Agora é só alguém desenvolver a tecnologia do teletransporte. O que custava mais (a idealização da coisa) já está feito.

A sua televisão está a mudar

O ministro das Pilosidades Faciais e dos Desportos de Combate, Nuno Morais Sarmento, acha que deviam existir limites à independência da RTP até porque, no fim de contas, quem responde perante a sociedade pelas opções tomadas pela televisão pública é o Governo e não os jornalistas e outros profissionais da televisão. Mas isto só num primeiro momento. Claro. Nada de mais. E quem vir nisto mais do que uma simples opção estratégica é um paranóico desgraçado que não merece viver.
No dia seguinte a estas declarações serem publicadas pela imprensa, o presidente da RTP, Almerindo Marques, foi ao Telejornal falar do assunto. Quando José Alberto Carvalho lhe perguntou se costumava ver a RTP, Almerindo respondeu que não o fazia com regularidade. Ora... vamos por partes... o senhor Almerindo é o presidente da RTP... e não vê televisão com regularidade (ou seja, a RTP, esperemos que não veja a concorrência) porque... porque o trabalho (ser presidente da RTP) não lhe deixa tempo para o fazer? Será isto? Alguém me ajude por favor. Estou muito confuso.

21.10.04

Filetes de cabala

"Coincidência objectiva e não cabala", diz Rui Gomes da Silva. Yes, Minister!
"Uma série de desagradáveis mal entendidos que me levam a afastar-me do meu cargo por considerar não se reunirem as condições e a estabilidade necessárias para governar e não já fiz merda, demito-me", digo eu.

19.10.04

Jardim


Alberto João Jardim, rei do Carnaval do Funchal 1974-2004

Espelho meu, há alguém mais fotogénico que eu?

Substituam-se as bandeiras das varandas por fotografias do Alberto! Para acabar de vez com a censura!

17.10.04

Pão e arte

A exposição de Paula Rego na Fundação de Serralves amanheceu inundada de gente. Tamanha afluência explica-se por uma conjugação de dois factores: o facto de a entrada ser gratuita aos Domingos de manhã e as referências frequentes à pintora e à exposição nos serviços noticiosos televisivos dos últimos dias.
Naturalmente intrigada por este repentino gosto popular pela pintura, a RTP envia uma equipa de reportagem ao local para tomar conta da ocorrência e o repórter confirma a multidão, entre referências ao facto de esta ter ultrapassado já a exposição de "Andy Uóuól" em afluência de público.
Seguiu-se o inevitável vox populi. Um petiz que tinha vindo com os pais diz que gosta da exposição mas sobretudo "daquele quadro." Uma mãe de família é questionada pelo repórter sobre a opção pela arte em deterimento da visita dominical aos centros comerciais e afiança que "a exposição está muito boa" mas deixando o reparo de que "as caras nos quadros são muito duras." Fica a dica para a pintora corrigir num momento posterior.
Carlos Pinto Coelho também lá estava, vindo propositadamente de Lisboa e aproveitando a borla de Domingo. Na sua opinião esclarecida, ficou provado que "ao contrário do que algumas televisões dão a entender" (I'll get you, Anabela!!) os "portugueses não são uma cambada de bestas e gostam da qualidade." Pois gostam, Carlos. Pois gostam.
Terminado o directo, noticiou-se a abertura de um centro comercial novinho em folha em Vila Real. E parece que tem muitas lojas de marcas conhecidas e bons preços.
E assim acontece.

13.10.04

A nossa rica liberdade de expressão

Dias Ferreira confessou ter sido vítima de pressões movidas por Santana Lopes devido a críticas feitas ao então presidente do Sporting no programa de debate futebolístico da RTP "Jogo Falado." O actual primeiro-ministro, terá pressionado a direcção da RTP para afastar o comentador do programa, o que acabou por acontecer e com o próprio Santana Lopes a substituí-lo.
Com isto tudo, parece-me existir uma única solução para esclarecer a questão de uma vez por todas. O país exige que Octávio Machado seja ouvido na Assembleia da República o mais rapidamente possível.

11.10.04

Look! Up in the sky!

De génio

Os recibos de vencimento vão passar a conter em breve informações sobre a SIDA.

Paciente: -Então, doutor?
Médico: -Bom... já vi os exames... e realmente o senhor está seropositivo.
Paciente: -Ai a minha vida...
Médico: -Tenha calma. Os tratamentos evoluíram muito nos últimos anos. Mas olhe lá... você não tomou precauções? Não sabia que tinha comportamentos de risco?
Paciente: -Não, doutor. O patrão já não me paga há três meses.

10.10.04

A intriga adensa-se

Marcelo Rebelo de Sousa foi visto a segredar coisas ao ouvido do seleccionador nacional do Liechtenstein num recanto menos iluminado da mais conceituada casa de pasto de Vaduz, o snack-bar/restaurante "Flor dos Alpes." Por enquanto, não há motivo para preocupações mas suspeita-se do pior.
O governo promete pedir explicações às autoridades do principado logo que o consigam localizar no mapa.

9.10.04

No comments

No comments, disparou MRdS à saída. O que é que ele disse? perguntou o semanário lá para trás, atingido de raspão. Que não faz comentários, esclareceu o diário logo à frente, atingido em cheio. No domingo? insistiu o semanário. Não, agora não faz comentários, esclareceu a rádio. E no domingo? intrometeu-se a TV. Mas no domingo ele já não ia fazer, bolas, saltou a revista. Professor, o que vai fazer a seguir? perguntaram em uníssono e aglomerados. No comments. Bom, mas isso já sabemos, replicou a imprensa local. O que lhe pergunto é se vai ser recebido por mais alguém, pela AR, por exemplo. No comments.

(silêncio embaraçado dos media)

Senhor Professor, que dia é hoje? atira desesperadamente a estagiária. No comments. Acha que vai chover? No comments. E o Benfica, ganha este ano o campeonato? No comments. Quantos são seis vezes sete? No comments. Olhe, Professor, parece que está a arder a sua casa de Cascais. No comments. Sabe o que é um algoritmo? Um quark? A décima milionésima parte de um quarto do meridiano terrestre? Parece que Marte é habitada por romenos... Crê que a Cinha sai primeiro que o Zé e depois do Prado Coelho? Convida-me para jantar? Como se chama? Tem horas? Empresta-me 5 euros? No comments. No comments. No comments. Táxi! Táxi! É pra Celorico, sff.


Já comentador não sou!...

(Com a devida vénia a Manuel Maria Barbosa du Bocage)

Já Comentador não sou!... Ao anónimo povo
Meu comentário vai faltar, desfeito em vento...
Eu ao Governo ultrajei! O meu tormento
Breve será se outra estação me acolher de novo.

Conheço agora já quão grande impacto
Fez o livro ou o assunto que comento.
SIC!... Tiveras algum merecimento,
Se num raio de inspiração me desses o contrato!

Se me arrependo? A língua sempre bravia
Brade em alto pregão à audiência,
Que atrás do domingo fantástico corria:

O outro cretino foi... A resistência
Esgotei!... Oh! Se me credes, gente pia,
Ficai de olho no canal e tende alguma paciência.

Pare, SCUT e olhe

Desenganem-se os que esperam ver aqui uma ligação infratextual do caso do professor de Sousa às façanhices da quinta das celebridades. É certo: acodem ambos pelo mesmo código postal e acentuam pecaminosamente, como o rigoroso fio dental, as poderosas nádegas da democracia portuguesa. É igualmente certo: são ambos verso e anverso de um previsível outdoor de Miguel de Sousa. É finalmente certo: nem sequer são algo triste ou algo fado, antes qualquer coisa de intermédio. Mas seria penoso, convenhamos, revisitar um lugar-comum que infortunadamente habitamos já. Condomínio fechado e licor beirão, estão a ver.

Apesar das aparências, Portugal não se resume a três sílabas mal frequentadas. Mas hoje insiste nos shortcuts: MRS, QDC, TVI... - há aqui qualquer coisa que lembra o 8 vertical truncado com o 7 horizontal (*). Juntemo-lhes agora PSL, a ver o que dá... iiiiiisso – e, em caixa baixa, rgs, o gatilho mais sensível a oeste de Los Pecos. Ou será a leste? Já com MPA, o dono da coisa, atiça-se-me o corrector automático do Word, sugerindo um inescrutável PT a bold underscript. Experimentemos ainda Belém, que se escreve, como Rato, apenas a dois tempos silábicos (tempo de semear, tempo de colher). E PP, essas ainda tímidas partes por milhão. Que alegria! Falta alguém?

Bom, mas o que é que temos? Simples: WYSIWYG. A todos em epígrafe, por isso, uma vez sem emenda, a comenda. Definitiva e justa. Púrpura. Pelos plots e pelos lots. LOL. Ao peito. Mas com jeito. Pregada.

Aos restantes, que aproveitem o próximo domingo e fiquem fora até tarde, até muito tarde. Mas não demasiado. Façam a ponte. Outra ponte. Longa, prudentemente longa. Sábia e suspensa. Pênsil. E SCUT. Depois falamos.

(*) Mas então o plural de batráquio anfíbio aquático, anuro, da família dos ranídeos, não é rans?

8.10.04

Pá... coitado.

“Todas as pessoas que se pronunciaram foram pessoas que estiveram contra a minha indigitação como primeiro-ministro”.
Esta frase, pronunciada por Santana Lopes à saída da audiência com o PR, deixou-me de coração partido e a chorar copiosamente.
Revi num flash toda a minha infância, quando os outros meninos me batiam por eu usar óculos e aparelho nos dentes.
É assim que Santana se sente. Marginalizado pelos outros meninos, que querem que ele se vá embora, que gozam com o seu cabelinho, com as pulseirinhas dele, com a sua voz monocórdica e que não querem brincar mais com ele.

7.10.04

O Presidente

Ultimamente tenho-me divertido muito com o Presidente da República (PR). Acredito que não seja fácil manter a lucidez a partir de uma certa idade. E acredito que haja fases da vida que uma pessoa desate a chorar por tudo e por nada. E um gajo não se devia rir dessas coisas. Mas pronto! É uma vergonha que tenha que ir alguém consolar o tipo sempre que há uma inauguração, ou uma condecoração, ou o raio que o parta!

Espero que não seja preciso tomar uma decisão complicada depois desta coisa do Marcelo. É que a última vez que se pediu ao nosso PR que tomasse uma decisão complicada foi o que se viu. E, assim que me lembre, o último presidente com problemas mentais evidentes que decidiu coisas demais foi o do Sporting. E deu no que deu. O PR ainda não começou a ver fantasmas, mas não há-de faltar muito.

Não se deve é misturar política com futebol!

Luís Delgado

O fundador do Diário Digital, administrador-delegado da Lusa, jornalista, colunista e presidente do Clube de Fãs de Pedro Santana Lopes, Luís Delgado, foi escolhido pela comissão executiva da Lusomundo Media para o cargo de presidente do grupo editorial da Portugal Telecom. Esta decisão não terá certamente qualquer relação com os louvores tecidos por Delgado ao actual primeiro-ministro em muitos dos seus artigos de opinião.

Também sem qualquer relação com este facto, gostava de dedicar um singelo poema de minha autoria ao nosso garboso e tantas vezes injuriado primeiro-ministro.

Ode a Pedro

Tomaste posse numa tarde de nevoeiro
Tuas melenas revoltas com a brisa de Belém
Tinhas ar convicto de quem sabe o que quer
Tinhas olhos aguados de quem sente o que sabe

És o governante de todos nós
Como se pai fosses
Protector
Professor
Paladino
Pedro

O sexo fraco sente-se forte na ponta dos teus dedos
Portas abrem-se à virilidade visionária do teu ser
Outros ignoram por que cercanias passa o teu caminho
Ignora
Que se percam e se atolem em paúis de estagnação económica
Mas permitam-te conduzir o país por piso mais seguro
Onde um país venerando possa erguer-se e caminhar
Qual Lázaro Lusitano

Mas os teus cabelos, Pedro
Esses cabelos de azeviche lustroso
Os teus cabelos, Pedro
Nunca os esquecerei naquela tarde de nevoeiro

Tarde de progresso, tarde de fé
Tarde de um PPD-PSD de alegrias

PS-Dou preferência a cargos em empresas ligadas à cultura da banana se for possível.

Dilema

Tenho andado muito confuso. Perturba-me não saber se será legítimo achar mal que o Governo use métodos obscuros para silenciar comentadores políticos que lhe são desfavoráveis, dando um contributo precioso para aproximar Portugal do pelotão da frente da América Latina, e, ao mesmo tempo, ficar contente por alguém ter finalmente calado Marcelo Rebelo de Sousa.

Por outro lado, é sempre possível transformar qualquer porcaria em prestação de serviço público (como nos tem ensinado a RTP ao longo dos últimos tempos) e a polémica sempre serviu para os portugueses ficarem a conhecer melhor quem nos governa. Quantos de nós sabiam da existência do ministro Gomes da Silva? Vamos lá... quero ver braços no ar...

Depois dos problemas na colocação dos professores que fizeram entrar Maria do Carmo Seabra nos nossos lares pela porta grande, se continuarmos com este ritmo de duas polémicas por mês, até ao fim do ano, os portugueses vão saber de cor o nome de todos os membros do Governo.